Sobre a violência policial no cerco aos kaingang de Kandóia
Em 17 de Novembro de 2014, a aldeia kaingang de Kandóia – formada por cerca de 200 pessoas, muitas delas, crianças – foi invadida por um efetivo de guerra do estado brasileiro. Um verdadeiro cerco militar e federal foi armado contra esta comunidade em uma operação que recebeu o seu nome.
Esta operação foi relatada por outros kaingang como uma ação de provocação. Este exemplo de terrorismo estatal contra populações indígenas teve também como meta abalar a luta kaingang pela retomada de suas terras na região.
A ação colonial mobilizou setenta viaturas, helicópteros e caminhões de bombeiro. As tropas formadas de 20 policiais federais, 280 homens do Batalhão de Operações Especiais (BOE), armados e acompanhados de cães e de cavalos foram assistidas por autoridades locais, entre elas o “senhor” Carlos Eduardo Raddatz Cruz, atual procurador da república do município de Erechim.
Policiais e peritos invadiram as casas á 6 da manha e coletaram a força amostras de sangue e saliva de vários membros da comunidade. Todos os homens e adolescentes foram fichados e fotografados sem qualquer mandato. Uma das metas da operação pareceu ser a de coletar evidências contra os supostos executores dos pistoleiros.
Em 27 de abril deste mesmo ano, dois pistoleiros que haviam seqüestrado uma criança kaingang foram mortos na ação de libertação promovida pelos indígenas. A grande mídia não reportou nada sobre este sequestro, e transformou em “produtores” seus noticiários esses dois bandidos. Com a finalidade de criminalizar os indígenas e garantir a adesão dos pequenos proprietários da região.
A máquina colonial e etnocida do estado policial brasileiro age abertamente pelo extermínio das populações indígenas em luta pela sobrevivência, na defesa dos interesses dos fazendeiros monocultores. As políticas de terror perpetradas em Kandóia demonstram o desprezo do poder pelos procedimentos legais com que são tratados populações indígenas cujos direitos originários pre-existem ao surgimento deste e de qualquer outro estado.
Não ficaremos caladxs diante desta ação criminosa a serviço do poder! Kandóia está viva e faz parte da luta kaingang por um futuro digno para suas crianças. Os kaingang de Kandóia pedem a todxs que se mobilizem, que não os deixem ser massacradxs, que não fechem os olhos diante desta enorme injustiça!
Enquanto o estado brasileiro persegue e ameaça os kaingang por defender formas de viver e se relacionar com a terra, a nossa solidariedade se faz necessária, sua luta não será esquecida!