Já está a disposição no formato pdf o zine informativo do CLAPA para esta primavera de 2015 atualizado!
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MINAS GERAIS: Em 6 de novembro último, uma enorme onda de lama tóxica destruiu parte de dois municípios. Após a ruptura de barragens da Samaco (Vale) a lama jorrou soterrando tudo em seu caminho, engolindo matas, pessoas, casas e chácaras, deixando mais de 660 quilômetros (do que eram antes lindos vales verdejantes e rios cheios de vida) cobertos de sujeira sufocante e lodo envenenado. Milhares de seres – entre humanos, animais e vegetais – perderam suas vidas, centenas de milhares ficaram feridos ou foram desabrigados. Enquanto corpos continuam sendo contabilizados e a recuperação é impossível, a mídia comercial, políticos e empresários tentam maquilar o fato reduzindo-o a um acidente banal. Porém orgãos internacionais reconhecem que a destruição deixada pela lama tóxica, é a maior já registrada do tipo. Empresas ficam com os lucros, aos governos cabe os impostos, o prejuízo é de todos nós, e das futuras gerações da região que crescerão num mundo cada vez mais doente.
Proposta: Evento em solidariedade aos Kaiowá Guarani contra as políticas do genocídio produzidas pelo agronegócio e o Estado. Anos após anos, os Kaiowá vem sendo assassinados por ruralistas, ainda que desterrados de suas terras homologadas, não se cansam de lutar, continuamente correndo perigo da morte. Há alguns meses Simião Vilhalva foi assassinado por pistoleiros a mando dos ruralistas, crianças e mulheres grávidas foram estupradas.
Atividade: Nos reunimos no dia 6 de novembro no instituto Parhesia para assistir videos sobre os Kaiowá na internet, e lemos seus relatos, com videos do aparato repressor invadindo terras indígenas, para proteger ruralistas e matadores de aluguel. Debatemos quais seriam formas de expressar solidariedade com os Kaiowá que vão além das palavras.
Ação: Fomentar frente de informação e solidariedade aos Kaiowá em círculos de relações, para envio de apoio efetivo.
Desde os anos 2000 a Proposta de Emenda Constitucional 215 (PEC215) ameaça o futuro dos povos indígenas. No dia 28 de outubro esta lei criada para benefício dos ruralistas acaba de ser aprovada na Câmara dos Deputados, em Brasília. A PEC215 acaba com qualquer possibilidade futura de demarcação de terras para os povos indígenas, e ainda abre espaço para o revisão de ajuste constitucional implicando na perda de territórios já homologados.
Os processos de ampliação de areas também se tornam inviáveis. A aprovação da PEC215 é a mais clara evidência de como o estado de direito funciona em benefício das elites ruralistas. Para iludir os indígenas inventam direitos que seriam inalienáveis para, no momento conveniente, acabar com os direitos que propriamente não convém aos interesses dessas elites.
Essa política genocida se dá em paralelo com a exterminação das nossas grandes florestas, seja em benefícios de multinacionais, seja em benefício de grandes proprietários rurais que atuam em nome de seu próprio “progresso”. Chega de manipulação! Chega de discurso pacificador e tranquilizador, passividade e submissão é morte!
Somente autonomia, autodeterminação e autodefesa podem garantir a existência dos povos indígenas. Para a autonomia o único caminho é a luta!
“Com PEC 215 ou sem PEC 215 continuaremos a fazer as autodemarcações com apoio de nossos Aliados e, acima de tudo, de nossos Encantados e Ancestrais. Somos Abas Gwarinis Atãs (Guerreiros Fortes)”. Casé Angatu, professor Tupinambá
Marchas e encontros contra a PEC 215
Estão acontecendo marchas e bloqueios de ruas e rodovias por todo o Brasil desde a aprovação da PEC 215 na Câmara. Pesquise na internet o local e data dos próximos eventos e participe das manifestações organizadas na sua região.
Civilizações sempre buscaram criar formas de distração para os povos subjugados para que não se revoltassem. Criar arenas para jogos há mais de 2000 anos é uma estratégia de guerra das civilizações. Os Romanos controlam os territórios que invadia obrigando os povos subjulgados a frequentar as arenas, casas de jogos e coliseus que construía. Não foram poucos povos que caíram nessa armadilha civilizada.
O governo brasileiro organizou para este ano os Jogos Mundiais Indígenas. Aconteceu na cidade de Palma (TO) a partir do dia 23 de outubro deste ano. Os jogos foram marcados por protestos e a maioria dos povos indígenas buscou convencer seus parentes a não participar dos jogos.
Com os jogos o estado brasileiro tenta encobrir sua intenção e legislação genocida. Quer que o resto do mundo veja com têm sob seu controle as populações indígenas que submete. Fabricam a ilusão de que todos os povos ameríndios estão satisfeitos, que foram atendidas todas suas demandas. Escondem o fato do Brasil estar adotando uma legislação que cada vez mais genocida e fascista que ameaça a existência das novas gerações.
A consciência nos leva a repudiar toda forma de distração estatal. Somos contrários a realização de novos jogos mundiais indígenas, e seguiremos sendo até que todas as demandas indígenas e quilombolas por terra e dignidade sejam atendidas!
DOCUMENTÁRIO: 12min. Após o bloqueio de uma estrada, em um protesto contra as eternas mentiras (promessas) dos políticos, a comunidade Kaingang de Kandóia (RS) entra em confronto se com colonos locais. Dois colonos sequestram um jovem kaingang, e acabam sendo mortos no enfrentamento. Semanas depois, a Policia Federal e representantes da FUNAI detêm cinco lideranças da comunidade em uma armadilha disfarçada de reunião. Diante disso, uma mulher kaingang kujá (pajé), sonha com a mãe de um dos presos que pessoalmente não conhece, e decide viajar até Kandóia para dar consolo. As perseguições, a montagem midiática e política que seguiram a estes acontecimentos. Uma resistência que se inscreve em uma cosmologia própria, onde o lugar dos conhecimentos dos kujá aparecem como motor para continuidade da luta.
No dia 31 de maio de 2014, Augusto Ope morreu aos 58 anos. No dia 17 de agosto de 2015 se foi também Francisco Rokág aos 53.
Ambos morreram com pouco mais de um ano de diferença, ambos se foram por conta do câncer, esta maldita doença que se alastra como epidemia pela civilização.
Em 1985 Augusto se envolveu na luta pela retomada da terra kaingang de Iraí, que então estava na mão de colonos ali assentados por décadas, pelas políticas antiindígenas do estado brasileiro. Francisco também lutou desde cedo e a luta o levou caminhar para reaver as terras roubadas de seus ancestrais em Porto Alegre, São Leopoldo ou Lageado, e outros lugares.
Augusto e Francisco lutaram com sabedoria, relembrando a história de seu povo e repassando seu conhecimento para os mais jovens. Nenhum dos dois se deixaram abater quando o câncer, a doença dos fög tomou seus corpos. Seguiram lutando enquanto tiveram forças.
Tanto Augusto quanto Francisco são lembrados por seus amigos, yambré e rengré pela sabedoria tranquila e palavras fortes. Ambos lembravam de um tempo de seus ancestrais, quando a terra era fértil e havia abundância, lhes dava todo o necessário para uma boa vida.
Augusto foi um grande promotor da saúde entre seu povo. Denunciou em vida formas do genocídio a que os Kaingangs estão submetido, os remédios dos fög que fazem as pessoas adoecerem, e a comida dos civilizados, que ao invés de nutrir, enfraquecem e podem matar.
Seu Chico, foi um sábio e grande gaiteiro que conhecia a vida na mata, um líder de seu povo. Sua morte também se deu por conta do descaso racista com que são corriqueiramente tratados indígenas pelo sistema de saúde estatal do Brasil. Francisco Rokag recebeu um diagnóstico de tuberculose errado, e seguiu tratando essa doença por anos, enquanto era um câncer que o consumia.
Augusto Ope e Chico Rokág estão mortos, ainda assim suas pegadas seguirão vivas, chamando e levando outras gerações à luta.
Lançada em 2000 a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSAA) é um programa conjunto de 12 estados da América do Sul para promover o avanço do capitalismo industrial no continente sul-americano. A tal “iniciativa” tem sido uma verdadeira hecatombe para os povos ameríndios. A construção de novas estradas, hidroelétricas, polos industriais e usinas nucleares vem ameaçando povos inteiros colocando em risco modos de vida milenares. A parte brasileira do IIRSAA recebeu que recebeu o nome de Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). As “melhorias” do PAC vem destruindo territórios indígenas e ameaçando culturas em muitos cantos do país.
Nós somos radicalmente contra o IIRSAA e o PAC por sabermos que tudo está sendo feito para enriquecer uns poucos em detrimento dos povos ameríndios e a vida na Terra. Em favor da autodemarcação, da autodefesa e da autonomia territorial indígena!
O que nos ensinam os indígenas é antes de tudo, valores e relações. Vínculos com a Terra que, apesar de séculos de colonização, seguem vivos. A perspectiva ameríndia enxerga a potência na “diferença”, seus modos de ser mostram que é possível manter afinidades e conexões sem necessidade de sustentar uma mesma perspectiva. Os ameríndios nos lembram que somos capazes de nos fortalecer com a alteridade não-hierárquica aprendendo uns sobre os outros.
O jovem indígena Jolinel foi baleado com três tiros, no município de Miranda no final da tarde desta sexta-feira (29), durante um confronto com fazendeiros entre a Retomada Mãe Terra do Povo Terena e Charqueado em Mato Grosso do Sul.
Com risco de vida foi levado para Campo Grande. Um grupo de cerca de 150 indígenas Terena foram na delegacia da região exigir justiça, acusaram um fazendeiro da região conhecido como Amaral de tentativa de homicídio.
Fonte: http://radioyande.com/default.php?pagina=blog.php&site_id=975&pagina_id=21862&tipo=post&post_id=301